O calcanhar de novo, mas não de vez

Este é o video de que falei em que tento explicar o calcanhar. Infelizmente as condições de gravação foram muito más. A maior parte das vezes as mãos fogem do alcance da câmara.

Na primeira parte, que está sem som porque só se ouvia o barulho das agulhas a bater na mesa, tento explicar o heel flap.

Este é feito da seguinte forma: em vez de se continuar a trabalhar em círculo, passa-se a trabalhar para trás e para a frente, em metade das malhas unicamente. Assim temos:

Volta 1 (avesso): passar uma malha sem trabalhar e tricotar 31 malhas em liga (purl).
Volta 2 (direito): *passar uma malha sem trablhar, tricotar 1 malha em meia. Repetir desde o * até ao fim.

Estas duas voltas repetem-se mais 15 vezes, totalizando um total de 32 voltas.

O resto das explicações conseguem perceber-se pelo video, penso eu, apesar da má qualidade da filmagem.

Resolvi publicar o filme assim porque muita gente me pediu. No entanto, penso substituí-lo assim que chegue ao calcanhar das outras meias que estou a fazer.

 

Uma amostra

amostra

Hoje queria escrever sobre a palavra que aprendi ontem: multipotentialite. Acho que me retrata completamente. São tantas as coisas que me atraem que talvez por forma a equilibrar-me eu me sinta tão atraída pelo minimalismo e a palavra FOCUS. Esta vai ser a palavra da Primavera. Tenho que fazer um spread no meu bullet journal com a palavra no centro.
Depois vêm as contradições: adoro escrever no computador mas adoro cadernos e canetas; adoro viajar mas adoro estar em casa; gosto de filmes, séries, ler tanto literatura clássica, ficção moderna, fantasia e ficção científica, não ficção, coisas leves, coisas pesadas; adoro aprender e estudar na maior parte das áreas das ciências e das artes, sou curiosa e gosto de explorar as coisas em profundidade; gostava de saber todas as línguas do mundo, preciso de mais tempo para estudar; gostava de aprender danças de salão (clássicas) e gostava de aprender a tocar piano; adoro audiobooks; gosto de podcasts sobre uma imensidade de temas; gosto de artes manuais, sobretudo na área dos têxteis. Este ano quero aprender a costurar. O tricot é aquilo que eu gosto mais. Adoro planear e talvez por ter tantos gostos, tantos interesses, gosto de tudo o que tem a ver com produtividade. Gosto de dar aulas, gosto de aprender o mais possível sobre como ensinar melhor o inglês. Gosto de cozinhar e das lides domésticas em geral. Gosto de ser eficiente nestas. Gosto de ter poucas coisas, mas todos estes interesses tornam necessário ter coisas, mas são coisas que me dão prazer. No entanto, tenho uma luta constante para não adquirir coisas a mais. Vou continuar a reduzir todas as minhas posses, até para ter lugar para coisas que uso mais e para coisas novas que quero experimentar. Adoro livros mas agora só compro audiobooks e e-books por causa do espaço que ocupam. Também deixei de comprar DVDs, salvo raras excepções. Compro filmes no iTunes. Adoro kitchen gadgets mas reduzi-os em mais de dois terços. Não gosto de âncoras, nem de coisas que me prendam. Mas estou sempre a descobrir tachos e panelas que me atraem. No outro dia vi uma frigideira de terracota que me atraíu imenso. Vou ter que me livrar de uma frigideira que tenho para poder comprar aquela. Acho que já sei qual vai ser a vítima. Todos estes interesses fazem com que sinta uma grande pressão com a falta de tempo para prosseguir tudo o que gosto de fazer. Por vezes exaspero, depois começo a planear. Adoro planear. Viagens, conhecer países e espaços novos. Uma vez que nos próximos tempos não o posso fazer, pois vou ter que me endireitar dos vários rombos financeiros mais recentes, resolvi que vou estudar a fundo um país por cada estação. Nesta Primavera vai ser a Escócia. Como, quando tinha 5 anos, decidi que era o meu lugar favorito e eu sou normalmente de ideias fixas, vou começar por aí. Tenho um daqueles livros da Dorling Kindersley com muitas indicações turísticas. Vou lê-lo de fio a pavio, vou também ler sobre a história e a língua do país, vou ler literatura clássica e moderna também. Vou tricotar o mais possível com lãs escocesas. Tenho algumas, mas poucas. Bom, o mais difícil vai ser conjugar tudo isto com as outras coisas todas de que gosto. Enfim, tenho que escolher filmes e coisas do género também passados na Escócia. Vai ser uma Primavera divertida.

Isto é uma amostra do chamado stream of consciousness que todas as manhãs tenho que despejar no papel e no computador para poder sobreviver no dia a dia. Quando não o faço, o dia não corre nada bem.
Eu disse uma amostra… A extensão é muito maior, e o caos também. Escrevo sem parágrafos e com uma pontuação muitas vezes arbitrária, numa mistura de português e inglês, mas tenho que escrever. Corro o risco da cabeça explodir e, pior, atingir os que me rodeiam se não o fizer.

Fazer a cama?

Mal ponho os pés no chão, quando acordo, faço a cama.

Eu faço a cama porque a desordem dos espaços cria uma sensação de caos em que me sinto afogar. A minha dispersão mental não se coaduna com a desordem exterior. Deve ser uma questão de equilíbrio. À desordem interior contrapõe-se a ordem exterior.

Há também o síndrome da janela partida. Se numa zona da cidade se partir uma janela e não se reparar imediatamente, logo aparecem 2 ou 3 partidas. A desordem cria uma desordem maior se não se puser um travão. A degradação é um fenómeno gradual mas certo.

Se a cama estiver feita, é mais fácil manter o resto do quarto arrumado. E se o quarto estiver arrumado, é mais fácil manter a casa em ordem.
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Recentemente tenho ouvido muito falar de que a acção pode preceder a emoção. Fazer a cama, por mais ridículo que pareça, dá-nos uma sensação de tarefa cumprida que pode em muito melhorar a nossa disposição.

É uma vitória. E as vitórias, por mais pequenas que sejam, aumentam a nossa auto-estima.

É também uma pequena tarefa cumprida, o que leva a uma segunda, e aí por diante.

É por isso que fazer a cama faz parte do treino dos SEALS.

“Se quiserem mudar o mundo, comecem por fazer a cama.” (U.S. Navy Adm. William H. McCraven)